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A Revolução Pernambucana

quinta-feira, 16 de março de 2023

Poesia Livre 2023, Seleção Poesia Brasileira - Série Novos Poetas

 


.Inscrições abertas.

Em redes sociais e saraus, muitos e ainda anônimos poetas, generosamente nos presenteiam com suas obras primeiras.

Atenta ao momento, a Vivara Editora Nacional, transporta a arte das redes para os livros.

A poesia dos novos autores estará ao alcance do público leitor.

Poetas produzindo obras de conceituada qualidade literária.

Uma iniciativa que promove a produção da poesia brasileira.


Estão abertas as inscrições para Seleção Poesia Brasileira, Poesia Livre 2023.

Podem participar da seleção todos os brasileiros natos ou naturalizados maiores de 16 anos.

Cada candidato pode inscrever-se com até dois poemas de sua autoria com texto em língua portuguesa.

O tema é livre, assim como o gênero lírico escolhido.

Serão 250 poemas classificados. A classificação dos poemas resultará no livro Poesia Livre 2023, Antologia Poética.

O certame está entre as mais destacadas seleções literárias da língua portuguesa.

A licença poética em pleno exercício através do ineditismo da nova poesia em sua forma e conteúdo.

A poesia contemporânea egressa do cotidiano, merecedora das condições de permanência entre o que há de melhor no patrimônio literário brasileiro.

A seleção literária é uma importante iniciativa de produção e distribuição cultural alcançando o grande público, escolas e faculdades.

Inscrições gratuitas.

De 05 de dezembro de 2022 a 05 de abril de 2023, pelo site, www.poesialivre.com.br


Para o esclarecimento de dúvidas, escreva para o endereço da Vivara Editora Nacional, atendimentotelefone@vivaraeditora.com.br


Realização: Vivara Editora Nacional

Apoio cultural: Revista Universidade

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Olinda e a polêmica dos paredões


Uma breve conversa sobre a polêmica de paredões de som no Sítio Histórico em Olinda nas prévias de Carnaval. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Curta na Serra abre inscrições de filmes para sua 4ª edição

 

Com uma atmosfera única, o IV Curta na Serra se torna Festival de Cinema ao Ar Livre e amplia a experiência audiovisual através da união entre arte e paisagem durante três dias de exibição gratuita no distrito de Serra Negra, em Bezerros - PE


O IV Curta na Serra – Festival de Cinema ao Ar Livre, agora com caráter competitivo, promoverá três dias de programação gratuita e aberta ao público nos dias 09, 10 e 11 de dezembro. Mantendo o curta-metragem como cerne da proposta curatorial, e contemplando produções audiovisuais de todo o país, o Festival Curta na Serra irá premiar filmes nas categorias curta-metragem nacional, curta-metragem pernambucano e videoclipe. As inscrições podem ser realizadas de 05 de outubro até 05 de novembro de 2022, por meio do regulamento e do formulário disponível no site www.curtanaserra.com.br/inscricao.

De acordo com o cineasta Marlom Meirelles, idealizador e produtor executivo do festival, o Curta na Serra inova ao transformar a Serra Negra em uma sala de cinema ao ar livre, com a proposta de ampliar as experiências culturais fora da capital pernambucana. “A quarta edição do Curta na Serra continua a preencher uma lacuna no campo da difusão na região do Agreste e inova ao proporcionar uma rica experiência de caráter multicultural (cinema, música, gastronomia, artes plásticas e artesanato), tudo isso em conexão com a natureza”, afirma Marlom.

A curadoria desta edição será realizada pelo crítico da Abracine Vítor Búrigo, que terá como objetivo expandir os olhares para a produção cinematográfica nacional em um recorte que estabeleça o diálogo com o público da região. Serão selecionados filmes de até 20 minutos de duração e indicação livre, contemplando diversos formatos: animação, documentário, ficção, experimental e videoclipe.


Mais informações e inscrições, clique na imagem acima.



quarta-feira, 14 de setembro de 2022

ANATAILDE DE PAULA CRESPO NO PROGRAMA CULTURA VIVA (Trecho)

Trecho da entrevista com Anatailde de Paula Crespo, que era socióloga, pedagoga e socialista. Era filha de Alexina Crêspo e Francisco Julião, fundador e líder político do movimento das Ligas Camponesas. Essa entrevista aconteceu no programa Cultura Viva em 2012, tendo como participantes, o âncora André Agostinho, os entrevistadores Nivaldo Nascimento e Joaquim Cavalcante e o apoio de Eunice Alves. Anatailde faleceu em 16 de junho de 2022.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

domingo, 3 de julho de 2022

Bloco Rural Estrelinha de Nazaré da Mata

 

Desfile do Bloco Rural Estrelinha de Nazaré da Mata pelas ruas da cidade nesse domingo (03/07). Os Blocos Rurais dão ao Frevo uma entonação característica de muitas agremiações da Zona da Mata, dialogando com o toque de Baque-solto. É o Frevo Rural pelas ruas de Nazaré

sexta-feira, 1 de julho de 2022

18° FESTIVAL DE TEATRO PARA CRIANÇAS DE PERNAMBUCO

Ao longo de todo o mês de julho, Recife recebe a décima oitava edição do Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco, que ocorrerá sempre nos finais de semana. Serão 25 espetáculos teatrais (locais e nacionais), que variam de clássicos a temas contemporâneos autorais. . A abertura fica por conta do espetáculo "A Bela Adormecida", da companhia Roberto Costa Produções. Os 25 espetáculos se alternarão em 42 apresentações em três polos: Teatro de Santa Isabel, Teatro do Parque, Teatro Luiz Mendonça, Teatro Barreto Júnior e Teatro Marco Camarotti. Também haverá fomento nas praças, com quatro apresentações gratuitas, além do Polo de Formação, com a realização do 9º Colóquio do Teatro para Infância e Juventude, com programação gratuita de palestras, debates e oficinas para artistas e público de todas as idades. Mais detalhes, clique AQUI

quinta-feira, 30 de junho de 2022

FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS 2022 - PROGRAMAÇÃO COMPLETA

 

O Festival de Inverno de Garanhuns finalmente chega em sua trigésima edição. E para comemorar, serão 7 dias a mais de atividades culturais na cidade do Agreste pernambucano. São diversos polos e cerca de oitocentas atrações. Clicando na imagem você terá toda a programação ao seu alcance.

terça-feira, 21 de junho de 2022

Orquestra Backstage no Armazém do Campo - Recife

Celebrando a Cultura e a vida! Detalhe: A utilidade pública no final do vídeo (do celular que alguém perdeu), foi resolvida. o dono do aparelho apareceu, desbloqueou provando que o celular era dele e a música continuou!

quarta-feira, 25 de julho de 2018

PESSOAS INCRÍVEIS - A FANTÁSTICA ZACIMBA













Zacimba Gaba era princesa da Nação Africana de Cabinda, em Angola. Capturada, foi trazida para o Brasil e escravizada no Espírito Santo por volta de 1690. 

Em tempo: Cabinda foi uma região quase que totalmente devastada ao longo de 200 anos, com seu povo sendo aprisionado e trazido principalmente para o Brasil para ser vendido no comércio escravo.

Zacimba foi comprada ainda no porto da Aldeia de São Matheus, junto com outros cerca de 12 negros e negras d'Angola. Foi arrematada pelo fazendeiro português José Trancoso, "dono" de uma centena de escravizados. Todos provavelmente d'Angola. Por isso reverenciavam Zacimba, o que despertou atenção do fazendeiro.

Certa noite, Trancoso mandou buscá-la. Queria saber se era verdade o boato de que ela era princesa na sua terra natal. Ao confessar que era verdade, Zacimba foi violentada e permaneceu confinada na casa grande. Sabendo que havia possibilidade de levante dos escravizados para libertá-la, o fazendeiro mandou um recado: Se algo acontecesse a ele ou a sua família, Zacimba seria morta. Ela se transformava em seu trunfo.

Os castigos e estupros (tanto por parte do fazendeiro como dos capatazes) foram constantes. para evitar que os seus sofressem danos maiores, Zacimba proibiu os negros de qualquer tentativa de libertá-la. 

As noites de lua cheia inspiravam a princesa, que entoava cânticos para os deuses africanos pedindo proteção, paciência e força para manter-se equilibrada e agir na hora certa.

E assim foi feito.

Na região, havia uma cobra muito temida pelo seu veneno mortal. Todos a chamavam de "preguiçosa". Os escravizados a capturavam viva, cortavam sua cabeça sem extrair o veneno, torravam e moíam, transformando-a em um pó fino. A intenção era misturar esse pó na comida da vítima. E tinha que ser em pequenas quantidades. 

Motivo: A vítima, logicamente, não poderia perceber que estava sendo envenenada. E caso desconfiasse que havia algo suspeito, mandava algum escravizado comer. E aí estava a grande estratégia: Ao experimentar a comida com pouca quantidade do que eles chamavam de "pó pra amansar sinhô", não havia riscos de envenenamento. o veneno em pouca quantidade na comida só fazia efeito se fosse ingerido de forma contínua. corriqueiramente.

O envenenamento era lento e a vítima não sentia sinais antecipados de forma suficiente para perceberem que estavam em perigo. Quando começavam os efeitos de fato, já não havia o que fazer. A hemorragia já demonstrava o tamanho do estrago: o sangue saía pelo couro cabeludo, pelas unhas, por ouvidos e nariz.

A paciência foi dada a Zacimba. E ela agiu lentamente... Esperando o momento certo. E o primeiro sinal de que o momento estava chegando, foi quando escutou-se de toda a propriedade da fazenda, os gritos de dor de Zé Trancoso. Familiares e feitores surpresos. Escravizados, já na espreita há um tempo, entusiasmados. Enquanto o fazendeiro era assistido, Zacimba mandava avisar aos escravizados que tivessem calma. Que ainda não era a hora.

O sinal foi dado quando o sangue começou a jorrar sem controle do corpo do carrasco. Sua morte já era um fato. A vingança estava posta. Comandados pela princesa, os escravizados invadiram a casa grande, cercaram os capatazes e mataram todos com fúria e sede de liberdade. Apenas a família de Zé Trancoso foi poupada.  

Logo em seguida o grupo embrenhou-se na mata, onde, às margens do riacho doce ergueram um Quilombo. 

Quando o episódio ocorreu, o gigante Quilombo dos Palmares já havia sido derrubado pelos opressores. O Quilombo erguido por Zacimba provavelmente também serviu de abrigo para muitos quilombolas que escapavam quando seus Quilombos eram destruídos, inclusive Palmarinos. 

E a luta seguiu. Conta a história que além de toda a segurança estratégica do Quilombo, um observatório foi construído em direção ao mar, para vigiar navios negreiros que se aproximavam do porto. Assim, o grupo liderado por Zacimba cercava o navio à noite, resgatava os prisioneiros e os levavam para o Quilombo. Tudo antes da embarcação chegar em terra firme. Esse detalhe dava vantagem aos quilombolas. Isso já era início do século 18. 

Os opressores não iriam deixar isso barato. 

Certa ocasião, os quilombolas avistaram dois navios negreiros em alto mar. Prepararam os barcos, esperaram anoitecer e, sob o comando de Zacimba, foram libertar outros irmãos. Se aproximaram silenciosamente. cercaram o primeiro navio. Metade subiu. Metade ficou nos barcos dando cobertura. 

Mas não havia prisioneiros. Era uma armadilha. O navio estava cheio de soldados prontos para matar aqueles que estavam "atrapalhando" o "comércio de escravos" na região. 

Foi um massacre. 

Os que ficaram nos barcos foram massacrados pelos soldados do segundo navio. Terminava ali, no mar, a luta de uma das mulheres mais fantásticas da história de resistência contra a escravidão. Sua paciência a libertou. Mas ela tinha pressa de libertar os irmãos. E foi surpreendida pelos opressores. 

O Quilombo resistiu por cerca de dez anos, sempre sob o comando da princesa guerreira Zacimba. 

O local onde ergueu-se o Quilombo é hoje o povoado da Vila de Itaúnas, em Conceição da Barra, extremo norte do Espírito Santo.




***Agradecendo ao amigo Marcone Alves. Foi em uma de nossas conversas que ouvi dele como uma mulher escravizada envenenou lentamente seu opressor. Fui buscar a história. E não tinha como deixá-la guardada. Zacimba Gaba, Presente!















terça-feira, 24 de julho de 2018

PESSOAS INCRÍVEIS: A GUERREIRA TEREZA DE BENGUELA























Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no Mato Grosso no século 18, era integrante do Quilombo do Quariterê. Casada com o chefe quilombola José Piolho, Tereza assumiu a liderança do Quilombo após seu marido ser morto por soldados em uma das investidas do sistema contra a comunidade. Durante 20 anos ela deu equilíbrio ao Quilombo.

No local havia Parlamento, Conselho para a Rainha, agricultura de algodão, fabricação de tecidos para comercialização, entre outras atividades organizadas, além de forte sistema de defesa contra os soldados do sistema. Quando os negros fugiam das senzalas, chegavam ao Quilombo com amarras e correntes. Todo o ferro era retirado e transformado em instrumentos de trabalho através da forja.

Em 1770, tropas lideradas por Luis Pinto de Souza Coutinho invadiram o lugar, na época com 79 negros e 30 índios. Tereza foi morta, degolada e sua cabeça pendurada num poste no centro do Quilombo. Em 1777, Quariterê era reerguido. Mas em 1795 foi invadido novamente e extinto. 

25 de julho é o Dia nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.




quinta-feira, 12 de julho de 2018

PESSOAS INCRÍVES: A RESISTÊNCIA DE ZAINAB




Ao mesmo tempo que é um orgulho falar de ZAINAB, uma heroína desconhecida, é terrível percebermos o quanto é perigoso viver nesse mundo.

 

 

Vamos aos fatos:

 

Em 2012 no Quênia, a experiente parteira Zainab teve que realizar um parto difícil, mas corriqueiro em sua história. O cordão umbilical estava enrolado na cabeça da criança e tudo teria de ser feito com cautela mas ao mesmo tempo de forma rápida e criativa. Então ela teve uma ideia: usar uma colher de madeira para desenrolá-lo. Deu certo!

 

No entanto, ao cortar o cordão umbilical, percebeu que a criança tinha os dois órgãos: masculino e feminino. Hoje chamamos de intersexual.

 

Ao ver o bebê, a mãe ficou inconsolável. E o pai então, ordenou que Zainab matasse a criança. A parteira argumentou. Disse que a criança era uma criatura de Deus e que não poderia ser morta. Mas ele queria que a matasse.

 

Foi então que surgiu a ideia: Ela pediu para deixarem o bebê ali, que assim que eles saíssem, ela o mataria.

 

Então, Zainab resolveu criar a criança como se fosse filha dela. E não foi fácil, porque o pai procurou Zainab várias vezes para garantir que ela tinha matado o bebê. E ela sempre o escondia, confirmando que havia feito o "serviço".

 

Só que em 2013 eles souberam que o bebê estava vivo e foram tomar satisfações. Acabaram aceitando a condição, desde que Zainab nunca dissesse quem eram os pais. Ela, evidententemente, concordou.

 

Mas viver com uma criança intersexual em várias comunidades do Quênia é perigoso. Porque muitos acreditam que é mau presságio. Que atinge toda a família e até quem mora próximo, com maldições.

 

Zainab sabia que estava comprando briga com crenças muito fortes no país. Qualquer problema, seria perseguida, julgada e condenada por todo mal que ocorresse em sua comunidade.

 

Mas o desafio iria aumentar: Em 2014, a parteira ajudou mais um segundo bebê intersexual a nascer.

 

Dessa vez a mãe foi sozinha ter a criança. E quando viu, simplesmente fugiu.

 

Outra vez, Zainab levou o bebê para casa e o criou. Então veio outro desafio: o marido, que era pescador. Ele não gostou sa ideia.

 

Quando a pescaria era ruim, ele colocava a culpa nas crianças. Dizia que era praga.

 

 

 

Até que um dia ele sugeriu que sua esposa entregasse as crianças para que ele pudesse afogá-las no lago. Ela negou veementemente. Aí começaram as brigas constantes. Ele foi ficando cada vez mais violento. Zainab, então, preocupada com o rumo que tudo tava tomando, decidiu separar-se do marido e levar as crianças. Ela fugiu para não acontecer o pior. Apesar da vida financeiramente confortável que tinha com seu marido, e já ter filhos e netos, ela sabia que a vida das crianças estava sob ameaça.

 

 

Atualmente, os filhos adotivos de Zainab estão saudáveis e felizes.

 

Ela teve de reconstruir sua vida. E conseguiu. Apesar de ainda fazer partos quando necessário, Zainab vive do comércio de roupas e sandálias.

 

Assim ela falou:

 

"Nós nos alimentamos bem e consigo ver que elas são crianças normais. Nós conversamos, a mais velha ajuda com as coisas de casa e meu filho as trata como irmãos. Eles são minha família e é um milagre de Deus."

 

E conclui:

 

"Eu sou mãe delas. Elas são seres humanos e eu tenho que cuidar das criaturas de Deus".

 

Zainab é uma iluminada no meio de tantas atrocidades que possivelmente ainda ocorrem nos vilarejos mais remotos de algumas comunidades do Quênia, onde os partos com parteiras ainda é muito comum, e as crenças sobre as tais maldições ainda são muito fortes.

 

Conta-se que quando o bebê intersexual nasce fora dos hospitais, ainda é grande (embora mais escondido) o número de casos de assassinatos dessas crianças.

 

Ainda dentro do que se fala sobre o assunto, as parteiras diziam que elas (as crianças) haviam "quebrado a batata doce". Referência dada ao uso de uma batata doce dura para quebrar e danificar o cérebro frágil e delicado desses bebês.

 

Então elas já diziam aos pais que as crianças haviam nascido mortas.

 

Profissionais da saúde vivem em intensa campanha de conscientização para combaterem o infanticídio.

 

As vitórias vêm sendo colhidas. Mas não é fácil enfrentar e quebrar o tabu religioso de uma sociedade seja ele qual for.

 

Por isso, Zainab é uma grande guerreira! Heroína anônima que derrubou muros e correu riscos em defesa da vida de duas pessoas que tiveram a chance de viver por causa da sua bela decisão.

 

A luta segue! E a vida também!

 

 

André Agostinho

*Imagem Ilustrativa


 


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O QUE FIZERAM COM O POLO AFRO NO CARNAVAL DO RECIFE?

No Carnaval 2016, o Polo Afro no Recife foi, de vez, esquecido e depredado. Isso vinha acontecendo aos poucos e em 2016, chegou ao ponto de total abandono. No caminho, como mostramos no vídeo acima, aspecto de total desolação. Não havia uma sinalização sequer que nos levasse ao polo do Pátio do Terço. E assim como o vídeo, essas fotos abaixo foram tiradas no domingo de carnaval. No momento do desfile dos blocos afro. Logo em seguida foi o encontro dos Afoxés. Sem nenhuma condição ou respeito às instituições culturais de Pernambuco.

A impressão que fica é que não é por acaso. Não é esquecimento pelo esquecimento simplesmente. É deteriorar para esvaziar. 

Como sempre aconteceu e acontece. O sistema nos jogando no canto da parede para em seguida, encerrar o que vinha sendo construido com seriedade. O medo é que no meio do sistema sempre há capitães do mato. Não sei se nesse caso, eles existem. 
















domingo, 20 de dezembro de 2015

SOBRE FABÍOLA, SOCIEDADE E HIPOCRISIA




















Vamos lá. Minha vez de falar de Fabíola.

Em meio ao bombardeio do episódio que todas as pessoas já conhecem li uma frase de um internauta que dizia: “Deus perdoa. A internet não”.

Pois é! Começo meu texto com traços religiosos. Atirem as pedras! Digam que isso não é de Deus e que Jesus condena o adultério. Sigam os passos de Jesus.

Só que não...

Se estivéssemos no tempo do apedrejamento na adúltera, eu sei de que lado eu estaria. E sei também de que lado estaria tantos e tantas que vivem gritando “amém” e “aleluia”. Aqueles e aquelas que dizem seguir os ensinamentos cristãos... Que acham linda a passagem bíblica em que Jesus desencoraja pessoas com uma única frase: “Atirem a primeira pedra...”

É muito hipocrisia.

Fico imaginando quantas pessoas eu conheço que tem ou teve um relacionamento com uma pessoa casada, ou que seja casada e tenha “alguém por fora”, e esteja com pedras na mão, atirando sem escrúpulos ou culpa.


Então é bom alertarmos aos paladinos da santidade e às imaculadas do Senhor: Pisem em ovos. Qualquer um, ou QUALQUER UMA principalmente, tendo em vista a imposição patriarcal da sociedade (pra não dizer machista) pode ser a próxima vítima da fila.

Gritar aleluia, dizer que segue os passos de Jesus e não aprender nada do que Ele falou, é uma hipocrisia cristã.

E a hipocrisia serve também para as pessoas que seguem outras doutrinas ou que sequer acreditam em passos religiosos, mas também se colocaram como ofendidas com a situação.

Perdoem-me a expressão. Mas a sociedade continua mergulhada numa escrotidão sem tamanho.

Os erros do episódio foram todos expostos pelos quatro cantos da rede. Do adultério às agressões... Uma exposição desnecessária. Até porque sabemos quantas pessoas se julgam puritanas nesse belo mundo de mentirinha. São exatamente essas pessoas que se acham no direito de julgar a vida alheia.

Meu único desejo é que tudo acabe bem para os envolvidos. Mas que isso seja decidido por eles. Porque eles é que são os verdadeiros interessados na história. E são eles que continuarão pagando suas contas no fim do mês, com seu trabalho, pois, ao que consta, são profissionais competentes.

A sociedade pouco mirou no amante, que já está curtindo o perdão da esposa. Mas mirou em cheio na mulher. E vai continuar mirando mesmo se ela receber o perdão do seu marido. Sabem por que né?! Nem preciso desenhar.

Talvez nenhuma pessoa ligada aos envolvidos leia esse posicionamento, mas fica aqui meu desejo (SINCERO) de que eles possam resolver tudo da melhor forma para todo mundo a quem REALMENTE interessa.

Boa vida. E boa sorte.



(André Agostinho – Coordenador do Blog DIRETOdosMANGUEZAIS e Rádio Cultura Viva.)
http://diretodosmanguezais.blogspot.com.br/2015/12/sobre-fabiola-sociedade-e-hipocrisia.html



quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

WEBRÁDIO CULTURA VIVA




















A partir deste sábado, 5 de dezembro, a WebRádio Cultura Viva estará no ar. É a continuidade do trabalho que começou em 2002, com um programa de rádio e abriu um leque gigante para outros projetos importantes, como o perfil Cultura Viva Pernambuco, que durante muito tempo prestou belo serviço na rede social Facebook, e as atividades do projeto DIRETOdosMANGUEZAIS, fragmento que segue dando certo, com este blog e com o canal no Youtube.

O endereço da nossa nova labuta é http://www.radioculturaviva.com

Também estaremos transmitindo pelos aplicativos tunein, rádiosnet e irádios.

Salve nos seus favoritos. Coloque como página inicial do seu navagador. E se possível, propague essa história. Desde já agradecemos e firmamos o compromisso de manter nossa linha de fomentação. A fase experimental da Webrádio Cultura Viva começa nessa sexta, 4 de dezembro. 



André Agostinho - Coordenador do Cultura Viva e do DIRETOdosMANGUEZAIS.










domingo, 8 de novembro de 2015

FATO...


Deixa que Beltrano diga que o importante é a consciência humana... Beltrano fica calado o ano todo. Só resolve questionar em novembro. A gente sabe porque.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

MARCHA DO EMPODERAMENTO NEGRO



















Acompanhei a MARCHA DO EMPODERAMENTO NEGRO por dois motivos: O primeiro, pela minha posição quanto ao tema de apropriação, seja no sentido material ou de autoafirmação. Isso reflete na valorização de um povo que ao longo de muitos anos vem sendo oprimido de todas as formas pelo sistema. Em segundo lugar, eu estava curioso para observar o entorno. O que acham as pessoas sobre isso. Muitas delas, inclusive, sendo representadas pela Marcha.



















Pois bem... Ouvi muitos comentários. E evitei dialogar com as pessoas que externavam sua opinião (muitas vezes discretamente), exatamente para que eu pudesse analisar cada teor das diversas frases. 

Percebi gestos de apoio. Carros buzinando em favor, punhos em riste e alguns sorrisos de motoristas que queriam demonstrar empatia com o movimento. 

Alguns apartamentos no centro do Recife com pessoas demonstrando estarem favoráveis à marcha, com bandeiras sociais de lutas históricas e/ou recentes colocadas nas varandas. Sinais positivos. Aplaudindo a movimentação. Até instrumento foi notado na mão da moradora de um dos apartamentos, completando o cenário de apoio. 

Nas ruas, ouvi uns comentários não muito agradáveis de ouvir. Mas eu estava ali preparado para perceber as posições contrárias. 

Em um dos trechos da Avenida Conde da Boa Vista onde a marcha parou, cheguei num fiteiro, fui comprar uma garrafinha d’água e uma senhora me atendeu. Enquanto me atendia, observava tudo. E quando me deu o troco, comentou: 

“O pessoal quer protestar por tudo agora.” 

Agradeci, dei uns passos à frente e segui olhando o movimento e ouvindo os comentários. Ali perto, uma moça comentava pelo celular: 

“Acho que vou me atrasar porque o trânsito tá parado aqui na Conde da Boa Vista. Tem protesto.” 

A pessoa com quem ela conversava deve ter perguntado o motivo do protesto, porque ela, discretamente, respondeu:

“Sei lá. Tem um monte de neguinho aqui.” 


















Após o comentário e uma risada discreta, ela olhou em volta para ter certeza de que ninguém tinha ouvido e deve ter percebido que eu poderia ter escutado o comentário, porque logo em seguida atravessou a rua e sumiu. Ainda naquele mesmo lugar, um senhor que aguardava um ônibus, se aproximou e, ao ler os cartazes e a faixa, comentou: 

“O povo faz protesto por qualquer merda agora.”

Caminhei um pouco mais pro meio da avenida e percebi que dentro de um dos ônibus parados, algumas pessoas batiam nas laterais, acompanhando os gritos de ordem contra o racismo. Pessoas que repetiam os cânticos de enfrentamento. Outras, no entanto, estavam visivelmente insatisfeitas. Na rua tinha um senhor numa bicicleta, que observava curioso o pessoal, exatamente na hora em que estavam sambando coco. Ele me viu, chegou perto e perguntou: 

“Isso é o que?”

Eu respondi de forma simples: 

“é um protesto contra o racismo.”

Ele olhou pra mim e respondeu na mesma simplicidade:

“Aí tá certo. Esse protesto eu apoio.”

Esse senhor acompanhou todo o momento enquanto a marcha estava parada. Quando o pessoal deu prosseguimento à caminhada, ele tomou seu rumo, mas com admiração nos olhos. Ao chegar ao cruzamento da rua da aurora, prestes a atravessar a ponte Duarte Coelho, nova parada. Esse foi o momento mais desafiador. Ali eu sabia que os comentários seriam mais intensos. O engarrafamento aumentou. Alguns ônibus, carros e motos voltavam para tentar algum atalho numa rua paralela. Pessoas foram descendo do ônibus para atravessar a ponte. Um grupo de jovens roqueiros (pelo menos estavam vestidos assim) de, no máximo, 17 anos, passava pelo local e um deles comentou com os amigos: 

“Isso era bom o batalhão de choque pra dar pancada em todo mundo.” 

Uma moça passou com uma amiga e, ao ler a faixa e o motivo da marcha, comentou:

“Eu tava reclamando, mas isso aí é pra me defender também.”

Um casal homossexual passou e um deles, visivelmente chateado disse: 

“Quando vê isso, ninguém aí nem sabe quem foi Mandela.”

O curioso é que entre os gritos da Marcha, estava também a luta contra a homofobia. 

Atravessando a ponte Duarte Coelho, a marcha seguiu seu rumo, atravessando também a ponte Maurício de Nassau, fazendo a culminância na Praça do Marco Zero. 

A Marcha aconteceu, os comentários (favoráveis e contrários) também aconteceram e a vida segue. Sem baixar a guarda. Porque nem no período da escravidão “legalizada”, as pessoas desistiram de lutar. Agora não seria diferente. 

Autoafirmação sempre! 

André Agostinho / radioculturaviva.com






quarta-feira, 9 de setembro de 2015

PANELAS SELETIVAS
















Em tempos de ódio, as panelas não serão minha arma. Porque, quando as pessoas protestam contra a reintegração de posse e os donos do poder jogam a polícia em cima dos manifestantes, agindo como segurança particular do grande empresário que não cuidou do seu patrimônio, NINGUÉM bate panela nas sacadas.

Quando as pessoas não são ouvidas pelo poder público, ao solicitarem a instalação de um semáforo naquele trecho da estrada onde todos os dias alguém da comunidade é atropelado, e para terem atenção, precisam queimar pneus no meio da pista, NINGUÉM bate panela nas coberturas.

Quando moradores de rua são mortos numa visível “limpeza social”, e a notícia é abafada e some num passe de mágica, NINGUÉM bate panela nos apartamentos.

Quando a mulher sofre com o número cada vez mais assustador de agressões e assassinatos e com a forte exclusão por preconceito, NINGUÉM bate panela nas janelas.

Quando o poder público, em parceria com empreiteiras, invade, destrói e desapropria lugares onde estavam pessoas esquecidas por ele próprio, NINGUÉM bate panela do conforto do seu lar em algum bairro rico.

Quando o negro sofre racismo, desde olhares e baculejos à agressões e imposições de seu lugar na sociedade, NINGUÉM (Lógico) bate panela nos condomínios de rico.

Quando a polícia e a imprensa tratam suspeitos de acordo com sua conta bancária, NINGUÉM bate panela nas mansões.

Em tempos de ódio, eu sei quem levanta a bandeira de lutas com convicção. E eu sei quem não aceita o rumo democrático de uma nação. Eu sei quem está se utilizando da liberdade da democracia para pedir a mordaça da ditadura.

Em tempos de ódio, eu sei de que lado estão os racistas, os fascistas, os homofóbicos, os machistas, os xenófobos seletivos, os coronéis do latifúndio, os reacionários, os amantes do nazismo, os defensores dos muros... Eu tenho lado! E NÃO é do lado deles. O oportunismo e os tempos de ódio não mudam pessoas. Elas simplesmente mostram quem são. Logicamente existem pessoas que são manipuladas a contribuir com o ódio. Mas se elas não forem assim, logo acordam e se afastam.

Em tempos de ódio, a escória se sente protegida e sai do subterrâneo. É assim que a KU KLUX KLAN faz filiais.

Mas nem tudo é fatalismo! Em tempos de ódio, eu olho ao meu redor e vejo que não estou sozinho. Vejo que minha posição não é só minha. Em tempos de ódio, eu identifico quem enfrenta racistas, fascistas, homofóbicos, machistas, xenófobos seletivos, coronéis do latifúndio, reacionários, amantes do nazismo, defensores dos muros...

Eu sei quem apimentou o verde e o amarelo com ódio. E eu sei quem (e porque) carrega o vermelho, não apenas nas vestes, mas no sangue. Aliás, eu também sei quem (e porque) insiste em querer mudar a cor do próprio sangue para azul, mesmo que só metaforicamente, mas para ser diferente (em atos de segregação).

Em tempos de ódio, eu sei quem tem bala na agulha e quem tem argumentos de verdade. Eu sei quem tem veneno e quem tem propriedade. Eu sei quem discute sem profundidade e quem discute indo buscar a raiz de tudo.

Eu sei quem me chama de radical e ao mesmo tempo não aceita meus argumentos.

Em tempos de ódio, eu sei por que uma única pessoa desperta a ira da escória, pelo simples fato de posicionar-se contra o ódio.

Em tempos de ódio, uma imagem vale muito mais do que todas as panelas do topo da pirâmide juntas.


Texto: André Agostinho
Foto: Luciano Marra