“muita gente bebe dos dois cálices. Vai à missa e até
comunga, mas vai também a um centro espírita, aos terreiros, à umbanda ao
candomblé, aos ciganos e ciganas que leem cartas, que veem a sorte(...)”
Este relato é um trecho do livro SIM SIM, NÃO NÃO. REFLEXÕES
DE CURA E LIBERTAÇÃO, do Monsenhor Jonas Abib.
O cálice a que ele se refere é uma citação (também colocada
em seu livro) de São Paulo, que diz:
“Não quero que tenhás comunhão com os demônios. Não podeis
beber do cálice do Senhor e dos demônios.”
Antes, deixo bem claro que não é minha intenção mirar uma
metralhadora para determinada religião ou doutrina. Pelo contrário. Respeito, e
muito, o direito de cada cidadão e cidadã de sua liberdade de culto.
No entanto, compreendo que não posso pecar por omissão. É
necessário levantar alguns questionamentos, respeitando (e esta é a meta da
democracia) opiniões que possam ser contrárias.
Colocações como as do Monsenhor, mostram o quanto religiões
em alguns momentos, são colocadas como pontes na reverberação do preconceito,
partindo de alguns de seus líderes.
Desde muito tempo, a sociedade enxerga o mundo místico da
seguinte forma: Se é da minha religião, é fé. Se é de outra religião, é
superstição. Se é da minha religião, é do bem. Se é de outra religião, é do
mau.
Quando o Monsenhor desfila soberba em suas palavras, citando
outras doutrinas religiosas como sendo o “cálice do demônio”, ele tem a
consciência que muita gente vai acreditar incondicionalmente nas suas posições
pela sua condição de líder na sua religião.
E o que ele faz, tem vários interesses. Entre eles, podemos
citar dois exemplos:
A diminuição e a difamação de outro seguimento religioso
para fortalecer seu próprio seguimento. Ou bater pesado em religiões de povos
massacrados ao longo da história. Os historicamente dominados... Colonizados...
Potencializar a doutrina religiosa incitando o preconceito
é, no mínimo, uma contradição. E partindo de uma religião que segue os
ensinamentos de Jesus, um homem justo, que foi extremamente perseguido, torna a
contradição ainda maior.
Faltou ao Monsenhor, a essência de um líder como o Mestre
Dom Hélder Câmara, só para citar um exemplo. O problema está naqueles que
insistem em espalhar o ódio, a intolerância e o medo, através de palavras e
comparações infelizes em troca de uma ostentação e supremacia religiosa e
social.
Os cálices seguem com as mais diversas facetas, que passam
por lavagem cerebral, inquisição, rituais macabros, pedofilia, sacrifício
humano, discursos preconceituosos, falsas curas, riquezas construídas através
do desespero alheio, sensacionalismo por conveniência...
Quantas religiões você identificou nestes exemplos? Três?
... Quatro? ... Cinco? ...
Não seria mais justo identificarmos os oportunistas, que se
utilizam das doutrinas e desviam o foco das religiões?
Ou você acha que o “cálice do Senhor” só existe na sua
religião?
É conveniência.
Aí eu pergunto: Qual o cálice do Monsenhor Jonas Abib?
(André Agostinho)
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