Eu
poderia dizer que “estamos com a parabólica fincada na lama ligando
Pernambuco com o mundo”. Seria interessante, convidativo, explicativo...
Mas não seria o suficiente. A inquietação não deixa. Meus poros não
permitem que uma frase que diz tudo, seja tudo o que eu tenha a dizer.
A pessoa que se permite caminhar na luta sabe que é preciso coletividade. A expressão da caminhada começa com o grito
de cada um. É preciso ter voz. É preciso alertar. E assim, as vozes se
unem. Porque, como disse o poeta: “O homem coletivo sente a necessidade
de lutar”.
Vamos aguçar nosso meio Nosso chão. Através do
megafone, dos manifestos, das reuniões (clandestinas ou não), das
ideias, dos ideais... Entrelaçando-se com a arte. Exigindo que os
holofotes mirem na nossa ousadia. Sacudir o nosso chão através de nossos
valores, nosso sotaque, nossa culinária, nossos tambores, nossas
loas...
Nossas poesias, nossas danças, nossa história... Mas sem ufanismo.
Sacudir a mente. Cultura como ferramenta de conscientização. A partir
do povo. Com suas tentativas diárias de sobrevivência. Povo! Nas
palafitas... Nos manguezais... O caranguejo como elemento central.
Mangue como ideologia de vida. Caranguejo como alimento principal...
Mangue como fuga dos sem-teto.
Estamos vivos! E soltando a voz
para que o mundo escute. Vamos carregando o ônus e o bônus do nosso
chão. Como já comentei, é preciso ter coletividade. É preciso soltar a
voz. Aquele caranguejo sobressaiu-se e desenvolveu o cérebro a partir de
sua metamorfose sociocultural. Aí sim. Podemos dizer com propriedade
que “estamos com a parabólica fincada na lama, ligando Pernambuco com o
mundo”. E vice-versa!
Dedico este texto ao Malungo Chico Science.
Por André Agostinho
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