“A indicação do produtor Felipe Carreras, do Caldeirão,
para a pasta de Turismo e Lazer também teve grande repercussão nas mídias
sociais. As empresas da qual é sócio têm contratos com os principais nomes do
pagode, do axé e do ‘forró’ fuleiragem, além de realizar shows privados e para
governos. Resta saber como vai conciliar esses interesses com a gestão pública
e a diversidade cultural do Recife, principalmente com a sena alternativa e
independente, quem mais criticou a sua escolha.”
Marcelo Pereira –
Coluna Rec_Beat – Jornal do Commércio – 15 de dezembro de 2012
A expectativa negativa em torno de uma possível recaída ao
banal para explorar o turismo da capital pernambucana, é cada vez maior. Claro
que criamos tais expectativas em cima de históricos. E como foi citado no texto
acima, o histórico de Carreras passa longe da identidade do Recife. Então,
acabo questionando:
Será que sempre iremos construir boas ações com medo das
marretas?
Construir não é fácil. Mas as marretas destroem tudo “num
piscar de olhos”.
O poder público, que teoricamente deveria nos representar,
acaba nos obrigando a ficarmos num alerta incessante. É feito aquela frase
antiga e que cabe muito bem neste momento: Cochilou, o cachimbo cai.
Não sei qual o critério adotado para uma composição na
pasta de turismo. A EMPETUR, por exemplo, é altamente vulnerável. Parece não se
importar em explorar nosso potencial para o turismo. Vende lá fora muitas vezes
um produto que não fomenta aqui dentro.
Voltando ao Recife, confesso que estou torcendo para me
surpreender, mas já espero o peso das marretas, destruindo algumas lutas. A
visibilidade do Recife voltará a ser explorada pela desconstrução, o mercado
segregador, eventos descartáveis e massificação do superficial e do pejorativo,
buscando um quantitativo induzido que em nada nos favorece, enquanto história e
cultura.
Repito: Espero, e muito, estar enganado. Mas o horizonte
para o fomento (ou falta dele) da identidade do Recife me deixa apreensivo.
(André Agostinho)
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