Rota do mercado escravista no Brasil
Em se falando de abolição da
escravatura no Brasil, a primeira etapa
do processo foi tomada em 1850, com a extinção do tráfico de escravos no
Brasil. Vinte e um anos mais tarde, em de 28 de setembro de 1871, foi promulgada
a Lei do Ventre-Livre. Esta lei tornava livres os filhos de escravos que
nascessem a partir da decretação da lei.
No ano de 1885, foi promulgada a lei Saraiva-Cotegipe (também
conhecida como Lei dos Sexagenários) que beneficiava os negros com mais de 65
anos de idade.
Foi somente em 13 de maio de 1888,
através da Lei Áurea, que a liberdade total e definitiva finalmente foi
alcançada pelos negros brasileiros. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel
(filha de D. Pedro II), abolia de vez a escravidão em nosso país.
Até aquele 13 de maio, 700.000
pessoas ainda eram escravas, mesmo com com s leis citadas anteriormente, já em
vigor. A população do país nesta época era de 6.000.000 habitantes.
Um detalhe muito importante sobre o
tema, é que os brancos donos do poder tinham
medo que acontecesse no Brasil, o que aconteceu quase 100 anos antes
daquele momento, no Haiti, onde os negros libertos e escravos, se uniram em uma
revolução que derrubou os brancos poderosos.
Outro ponto importante é que a pigmentação na pele não determinava o lado
na luta. Muitos brancos lutaram junto com os negros contra a escravidão. E as
lutas eram constantes. E, pasmem, quem combatia os revolucionários era o
exército brasileiro, comandado por nomes
como Duque de Caxias, que teve no currículo, mortes de escravos rebeldes e
destruição de quilombos. Mais na frente, os combates ficaram a cargo da polícia.
O medo dos dominadores aumentou. Foi ali, que estrategicamente, eles começaram a pensar na abolição como forma de evitar uma revolta maior da população negra.
Em tempo: O Brasil foi um dos
últimos países a "aceitar" o fim do escravismo.
A abolição foi discutida com
afinco. E homens negros como Luís Gama, Quintino de Lacerda e José do
patrocínio fizeram parte dos debates. Foi então que, em 1888,
a Assembléia Nacional, reunida no Rio de Janeiro, votou em favor da
abolição do escravismo. Assim, em 13 de maio de 1888, a lei foi assinada. É
extremamente importante dizer, que não foi nenhum ato de heroísmo de uma
princesa, que libertou os escravos. A liberdade foi conquistada com as
constantes lutas dos movimentos populares, culminando no receio dos donos do
poder. A abolição foi comemorada pela população brasileira nos dias 13 e 14 de
maio.
Foi então que veio a pergunta:
"E agora?"
Bom... A liberdade veio amputada.
Sem ter pra onde ir, muitos ex-escravos tentaram voltar a trabalhar nas
fazendas dos seus ex-senhores, em busca de lugar onde morar. Mas a maioria não
foi aceita, o que resultou em vários libertos
sem ter onde ir, onde morar, como se sustentar, sem saber ler ou
escrever... Foram substituídos pelos miseráveis camponeses imigrantes europeus,
que, em busca de sobrevivência chegaram ao Brasil, onde foram explorados, num
outro contexto, pelos poderosos. Aos ex-escravos, restava perambular pelas
cidades em busca de ter o que fazer para adquirir comida. Com o tempo, foram
expulsos, indo para às margens das cidades, sem ser muito longe, para poderem
circular no comércio todos os dias, buscando bicos, pedindo esmolas, praticando
pequenos furtos. Surgiam as favelas. Quem conseguia chegar nos quilombos, a dor
era menor, mas a perseguição, de certa forma, ainda existia, mesmo nas
comunidades quilombolas.
A partir daí, muitas outras formas
de exploração passaram a surgir, como o êxodo de trabalhadores nordestinos, levados
a trabalhar na indústria de borracha na Amazônia.
Tem um outro
detalhe que até hoje, segue coberto de forma vergonhosa. A lei da abolição
mostrou o quanto o período escravista foi criminoso. No entanto, nada foi feito
para discutir indenização
e reintegração dos escravizados à sociedade brasileira. E ao longo dos anos,
além de omitir o direito dos libertos (como acontece hoje com o trabalhador
brasileiro), a elite passou a maquiar a imagem dos criminosos. Os vilões
passaram a ser vistos como benevolentes. Passaram a fomentar a informação (que
atravessou o século), de que havia uma harmonia entre Senhores de Engenho e
escravos.
A
sociedade nunca será alertada como deve ser. A história mal-contada será sempre
evidenciada... Mas os revolucionários da informação estarão sempre soltando a
voz, que por menor que seja, é uma fagulha de esperança para desenterrar tantas
histórias que precisam ser mostradas para as gerações seguintes. Inclusive, a
história dos "porquês". Porque, como sempre relatamos: 13 de maio não
é dia de negro.
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