Eu tenho um lado tribal quilombola que é a maior parte de mim. E isso me torna livre e prisioneiro ao mesmo tempo.
Livre, porque não me identifico com etiquetas. "esse garfo é pra comer comida x. Esse outro é pra comer comida y". Ou então: "Essa roupa é inadequada para recepção x. Sem terno e gravata, não entra na recepção y"...
E por aí vai. Meus sentimentos, meu sotaque, minha arte, minha forma de andar, de cumprimentar, de vestir-se, não tem padrões de casa grande. Tem liberdade quilombola.
E é exatamente isso que me torna, também, prisioneiro. A sociedade etiquetada é, da mesma forma, impositora. E me aponta a gravata, o terno, o garfo, o tom da voz... Impõe moderação no meu sotaque; Impõe valores diferentes à arte, rotulando algumas vertentes de CLÁSSICAS, para diferenciar de outras vertentes, que rotulam de POPULAR. A sociedade etiquetada quer impor valores diferentes e lugares diferentes à arte. Um muro.
Minha caminhada é perseguida pelas imposições segregadoras, maquiadas e colonizadoras da sociedade etiquetada.
É foda!
opa! foi mal! Esqueci da etiqueta! É fogo!...
Ah! que se foda! É foda mesmo!
André Agostinho/DIRETOdosMANGUEZAIS
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