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A Revolução Pernambucana

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O QUE É QUE O FREVO TEM?








Foto: Pierre Verger















Nesse universo de pernas e braços disputando espaço com vento, poeiras e sons, eu me aventuro numa harmonia que ninguém consegue decifrar: O que é que o frevo tem? Lá pelos idos do século 19, lá estava ele exigindo atenção! Ele ordenava admiração! Nem nome tinha! E já mandava. Lá estava ele tomando conta das ruas, dominando a alma do povo. Exigindo sorrisos. Ecoando! Fazendo arte.


O que é que o Frevo tem? 


Quando não tinha nome, o povo chegava pro samba. O samba é nome dado à festa. Sempre foi! E os maestros faziam as marchas. O mundo girando. E lá estava ele. Tão ousado, que fez do sisudo e intocável dobrado, sua ponte para a farra. Desafiou os rigores militares, contagiou os próprios músicos do dobrado e comandou a festa. Ele disse: “Acelera, que estou chegando!”


O que é que o Frevo tem?


Eternizou os discriminados. Deu aos rotulados “vândalos”, o status de donos da história. Deu ao povo, o título de reis da pronúncia certa, quando ferver virou Frever. E o povo é quem manda! Fez dos bonecos gigantes, seres com vida e alma de folião. Colocou as instrumentações “sofisticadas” ao alcance do povão. Fez do estandarte, antes tradicional nos cortejos religiosos, o abre-alas da folia.


O que é que o Frevo tem?


Quando ganhou nome, ele já caminhava com desenvoltura. E seguiu caminhando, superando muitas pedras no meio do caminho. Mudaram as dinâmicas, o rotularam de ultrapassado, fizeram do carnaval popular, uma fonte de renda através de uma nova apartheid. O escantearam, porque sabiam que ele não aceitaria tal covardia. Jogaram a mentira de que ele já havia morrido. Que estava atrasado. Que estava ultrapassado. E ele, só pra chatear, seguiu caminhando com malandragem. E virou Patrimônio do Planeta.


O que é que o Frevo tem?  


Ele faz a sombrinha equilibrar passistas. Desafiou a lei da gravidade. Criou o povo com corpos de mola. Ele criou sua linguagem: EVOÉ! Seus primeiros passos foram tão desafiadores, que representaram as ferramentas dos trabalhadores. Ele fez as pessoas desafiarem seus próprios limites. É mágico. É gigante. Nem é preciso buscar respostas. Não dá pra saber o que é que o frevo tem. Só dá pra saber do que ele é capaz!


O Frevo é a própria inquietação. É capaz de conquistar o mundo! Sempre!


Por André Agostinho

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