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A Revolução Pernambucana

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Saudades
















O Caranguejo com cérebro

“Um passo à frente, e você não está mais no mesmo lugar.”

Uma frase deste porte, soa um tanto previsível, aos olhos de quem a lê sem o instinto de tentar decifra-la. Mas, se a olharmos detalhadamente, veremos que há um impulso muito maior do que o simples fato da locomoção aos olhos de quem a leva ao pé da letra. Um passo à frente, foi justamente o que fez Francisco de Assis França, que o mundo mais tarde o aclamaria por Chico Science. Até sua morte foi importante para o momento do que muitos chamam de “a cena pernambucana”. Convido todos a conhecerem um pouco da vida de Chico Science: O caranguejo com cérebro!

Chico nasceu no dia 13 de março de 1966 e teve, desde criança, forte paixão pela música. Na adolescência fazia bicos para marcar presença nos bailes funk em Olinda. Na época estes bailes tinham forte influência da chamada “black music” (a música negra), a qual Chico era apaixonado. Em 1984, ele passou a integrar a legião hip hop, grande destaque nas turmas do breack.
Orla Orbe foi o nome da primeira banda que Chico integrou, em 1987. Pouco mais de um ano após sua fundação, o grupo acabou e Chico ressurge com a banda loustal, que carregava na postura uma mistura de elementos de soul, hip hop, funk e rock dos anos 60. Foi nos finais dos anos 80, que Francisco foi rebatizado como Chico Science pelo radialista Renato L., pois o artista iniciava com sucesso, sua ciência de misturas regionais.

A idéia de misturas tomou conta da mente de Chico, desta vez com uma visão mais regional. A intenção era jogar ritmos regionais dentro do caldeirão da música negra que ele já fazia. A força dos tambores foi incrementada aos contagiantes arranjos. Nascia assim, a Nação Zumbi. Na postura, a identificação que Chico tanto procurava durante anos, e que finalmente encontrava-se na identidade do mangue: funk, soul, Rock, maracatu, coco, frevo... Era Pernambuco falando para o mundo. O primeiro show da banda foi no espaço Oásis, em Olinda. E Chico declarava o seguinte: “-É de nossa responsabilidade resgatar os ritmos da região e incrementa-los junto com uma visão pop”. Houve quem comparasse o movimento mangue com a tropicália. Houve quem falasse apenas em resgate. Mas Chico, em relação às declarações, apenas dizia: “Eu vou além!”.
Logo, o mangue deixava a imagem de ritmo. Diversos seguimentos artísticos uniram-se em torno do movimento.
No dia 02 de fevereiro de 1997, o homem-caranguejo morria em um acidente de carro, numa ponte que liga Recife à Olinda, após ter sido supostamente trancado por um outro carro, por volta das 19h. Era um domingo e Chico iria encontrar um amigo na folia Olindense. Faltava uma semana para o carnaval, mas Olinda já fervia. Naquela noite, as ladeiras se calavam à medida que a notícia chegava. Todos também estavam curiosos, pois no dia seguinte (segunda) Chico e a nação Zumbi iriam subir em um trio elétrico e mostrar as batidas envenenadas na Avenida Boa Viagem (reduto de “baianos”), a convite do brincante Antônio Nóbrega, no bloco “Na pancada do Ganzá”. Não deu tempo.
Os exames descartaram a hipótese de que Chico pudesse estar drogado ou alcoolizado na hora do acidente. O laudo do instituto de criminalística apontou falha na estrutura do FIAT UNO (o carro do acidente), relacionada à quebra da parte metálica do cinto de segurança. Vale salientar que Chico morreu devido a esse defeito (não foi a correia que rompeu). Segundo o laudo, o equipamento deveria manter o condutor preso ao banco, suportando o peso do corpo em casos como o ocorrido.
A família de Chico, ao saber do resultado da perícia, processou a FIAT do Brasil. A FIAT foi condenada a pagar uma indenização à irmã de Chico Science, pois ela era a dona do carro. A empresa recorreu, mas perdeu novamente por mais duas vezes. Recentemente, ela (a empresa) teve a derrota definitiva nos tribunais.
O fato é que perdemos um arrimo da nossa música, mas que deixou a semente plantada. Chico, assim como diz Nana Vasconcelos,“ensinou caranguejo voar”. E vamos mais longe. Chico fez caranguejo pensar. Suas obras nunca morrerão. E no que depender dos seus inúmeros admiradores e sucessores, nossos netos ainda vão ouvir falar do CARANGUEJO COM CÉREBRO.

2 comentários:

Anônimo disse...

Chico vai deixar saudades pra sempre. Só quem conheceu sua história, sabe o valor q ele tem.

Sílvio Barreto disse...

A história sempre terá chico como raiz, pois foi com ele que ele nos fez perceber tanta cultura musical, artesanal e etc. Uma história de rios, mangues e uma batida racional de nossos tambores. A lama boa do mangue dentro de nós Pernambucanos. Salve chico e seus amigos antenados com a nossa cultura.